A História da Igreja está por definir seus passos naquilo que temos registrado. Não há História acabada nem fechada. Não que possamos mudar os fatos, mas entendê-los cada vez melhor e tirar sempre o mais puro proveito. É tempo ainda de estudarmos e nos esforçarmos por entender os meandros* daquilo que está cada vez mais longe de nós pelos espaços geográficos e por demais do tempo cronológico.
São ricos desafios para uma geração que tem pela frente longa e estimulante jornada no campo do saber e verdadeiros descobrimentos. Daremos alguns passos para delinearmos, acima de tudo, a caminhada de Deus, em Jesus, que se tornou ser humano entre os seres humanos. Jesus, em seu ministério, quis resgatar a sociedade que se encontrava perdida diante de muitas religiões. Jesus, sem aventurar-se muito pelo mundo geográfico de então, fincou seu ministério na região da Galileia deixando o Ide para seus seguidores. Ele privilegiou a vida em comunidade abordando questões cruciais como o amor a Deus e ao próximo; tocando o enfermo, o pobre, o angustiado, o solitário, e os “sem” alguma coisa.
A comunidade para Jesus tem um significado de comunhão de uns com os outros e de todos com o Pai.
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles” (Mt 18.20).
A comunhão dos irmãos aponta para a presença e vida do Cristo ressurreto.
Infelizmente, devido à falta da graciosidade da presença do Espírito Santo em meio à comunidade dos crentes, a ganância e o individualismo têm operado. Cada um busca seus próprios interesses: ser “abençoado”.
Será que a pregação da Igreja hoje é vista como um perigo para os poderes estabelecidos, a exemplo do que ocorreu com Jesus, que foi considerado uma ameaça às autoridades religiosas e do Estado? Será que, hoje, as mensagens do Reino têm sido para privilegiar grupos? Quem pregar as mensagens de Jesus como devem ser pregadas não corre, também, o risco de ser considerado uma ameaça aos poderes estabelecidos? Qual tem sido a mensagem contemporânea?
A força da Igreja está na comunidade com significância de unidade, união dos irmãos, em luta pelo mesmo objetivo.
Na reunião da Igreja de Cristo, a pergunta que deve sempre estar presente é o que “vamos” fazer, não o que “vou” fazer.
O povo de Deus viverá em terras distantes, entre os descrentes, mas será a semente do Reino de Deus no mundo1. O chamado para a comunhão já aconteceu em Jesus Cristo que morreu para congregar na unidade todos os filhos de Deus dispersos (Jo 11.52).
Para tentarmos entender como foi difícil o ministério de Jesus, discutiremos a diversidade de pensamentos e grupos que permeavam a sociedade contemporânea de Jesus, não se esquecendo da incômoda presença opressiva do Império Romano. Além dos problemas sociais, como o preconceito aos pobres, às mulheres e às crianças, havia influências externas, como as divindades e o pensamento helenista. Havia também, estrategicamente, a falsa ideia de autonomia de governo, com a presença de alguns líderes judeus na formação do Sinédrio, os quais, na verdade, eram instrumentos para amenizar os ânimos antagônicos* ao Imperador.
Em meio a todos esses movimentos, a sociedade, como um grande turbilhão que estava prestes a explodir, alimentava-se de uma esperança, do surgimento do Messias, o qual poria fim a todo sofrimento.
Para entendermos as nuances* mais profundas sobre a igreja primitiva a partir do ministério de Jesus Cristo, precisa-se tatear como era e como se portava tal sociedade.
Com o estabelecimento da Igreja, após a morte e ressurreição de Jesus, teremos a presença dos Pais da Igreja, depois grandes perseguições aos cristãos.
No decorrer da História da Igreja vamos estudar o período escolástico, as crises da Igreja até desembocar na Reforma, no século XVI. Aqui temos um recorte nas doutrinas que tinham se esvaído pelos terríveis pecados dos líderes e poderosos denominados cristãos.
Após a Reforma, a Igreja inicia seu reencontro com os verdadeiros caminhos, com teologias mais sólidas e que visavam conformidade com as Escrituras Sagradas.
Por fim, vamos passar pela missão da Igreja na atualidade diante de seus novos desafios nas múltiplas formas de religiosidades. A pós-modernidade tem desafiado a postura da Igreja, levando-a, obrigatoriamente, a adotar novas estratégias como, por exemplo, na América Latina, o surgimento da Teologia da Libertação, que nasceu consoante os gritos dos sem esperança.
A Igreja tem muitos desafios na sua missão de servir, no seu preponderante papel de Diaconia em meio aos desesperançados e menos favorecidos que a têm cercado, e se multiplicado nos diversos campos marginais estabelecidos na sociedade.
Entretanto esse estudo está dividido em duas partes: no presente volume teremos a História da Igreja I chegando até o período escolástico e as crises da Igreja preparando o terreno para a Reforma da Igreja. No próximo volume teremos a História da Igreja II conhecendo o caminho da Igreja a partir da Reforma eclodida no século XVI até os dias atuais.
Ao final de cada capítulo temos: Verificação de Aprendizagem, notas e um Glossário com as palavras mais difíceis do texto.
Uma loja da FABI - Faculdade Batista de São Paulo, feito com carinho para quem gosta de Teologia. =)