A palavra ética foi incorporada ao nosso idioma por herança helênica, cuja palavra ethos significa comportamento ou, em última análise, ação. Quando falamos em ética, referimo-nos à ciência que estuda o comportamento do ser humano nas mais diversas áreas de atuação humana. Portanto, é correto pensarmos em ética médica, ética jornalística, ética magisterial, ética política e tantos outros ramos das ciências até chegar à ética cristã e principalmente à pastoral.
Trata-se de tarefa extremamente difícil a conceituação da palavra ética. Entretanto, encontramos algumas tentativas, dentre as quais destacamos as seguintes:
“A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed. Brasiliense, 1993, p.7)
Ao nos aprofundarmos na seara da ética cristã, invariavelmente deveremos examinar a questão da ética pastoral. Sobram questões a esse respeito e faltam esclarecimentos acerca do tema. Essa é a razão deste trabalho. Não pretendemos, por certo, esgotar o tema, tampouco abordar todas as questões que um dia já foram indagadas no ambiente cristão; nosso tempo e –principalmente – nosso espaço são limitados e não podemos nos aprofundar no assunto com a exatidão que ele merece. Parece-nos bastante satisfatório poder examinar as principais questões, sem esquecer-nos, na medida do possível, de adentrar na seara dos temas mais atuais e palpitantes.
Em nosso ambiente cristão, destacam-se os pastores. Em algumas denominações esse título compreende todos os obreiros, em outras refere-se exclusivamente ao ocupante da função pastoral, mas nada disso será abordado aqui. Optamos pela referência ao pastor como líder da igreja e, em consequência disso, como exemplo para os demais. Reside aí a importância de limitar o assunto da ética ao ministério pastoral. Assim surge a disciplina intitulada Ética Pastoral.
A ética pastoral trata dos temas referentes ao comportamento do pastor. Assim como a ética estuda comportamentos humanos, a ética pastoral trata dos comportamentos desejáveis e apreciáveis no pastor. Também reflete a respeito dos comportamentos indesejáveis e reprováveis do pastor. Esperamos que no cumprimento dessa tarefa nenhum deles se sinta pessoalmente atingido, posto que esta obra não tem a preocupação de aprovar ou reprovar comportamentos, senão apenas o objetivo de analisar e discutir esses comportamentos, levando-se em conta o fato de ser este ser humano –o pastor – investido da responsabilidade de ser exemplo para os demais.
Parece evidente que o desconhecimento de tão importante matéria tem levado muitas pessoas às contradições e até mesmo à prática de ações estranhas ao ministério pastoral. Assim como conceituar ética não é tarefa fácil, também não é nada fácil exercitar a ética na fluência do ministério pastoral. A mesma dificuldade que encontramos apenas para formular um conceito adequado é encontrado também na atividade pastoral. A falta de regulamentação da atividade induz ao desconhecimento e à falta de investigação de casos concretos o que leva, em muitos casos, à impunidade.
O pastor é a figura que mais se destaca em meio ao ambiente cristão. Justamente pela responsabilidade de liderar pessoas em um ambiente tão seleto e nobre quanto o cristão é que a figura pastoral deve limitar-se a comportamentos comedidos e discretos. O pastor deve sempre lembrar-se que sua atividade não é semelhante à de um profissional liberal, que pode engrandecer-se por seu renome e prestígio; ao pastor nenhuma dessas atitudes convém. Não entraremos na discussão a respeito da possibilidade de a mulher também exercer o ministério pastoral. Interessar-nos-á o comportamento do pastor independente de discussões teológicas ou doutrinárias acerca desse tema, em que pese a constante ordenação de mulheres ao ministério pastoral.
Uma loja da FABI - Faculdade Batista de São Paulo, feito com carinho para quem gosta de Teologia. =)